quinta-feira, 9 de abril de 2009

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Recomecei a ver a série Nip Tuck, que tinha deixado de ver há praticamente um ano.
Todos os episódios começam da mesma maneira, com a fulcral pergunta "O que não gosta em si?".
Aparece uma senhora, já idosa, que mostra uma foto sua de quando era nova e pede para voltar a ter aquele aspecto.
O motivo?
O marido tem Alzheimer, não se lembra dela.
A sua angústia?
O facto do marido não se lembrar dela. Após a menopausa, dedicou-se a ser escritora. Ocupava todo o seu tempo a escrever livros. O marido lia-lhe os rascunhos, ajudava-a, pedia a sua atenção. Ela não retribuía. Eis que um dia, estando ela longe de casa, lhe ligam a dizer que encontraram o marido na rua de pijama sem orientação. Não sabia onde era a sua própria casa, não sabia quem era a sua mulher.
E a senhora diz ao cirurgião:
"Já machucou alguém que ama, de modo que não parecesse ser você? Mas você não pode voltar atrás e fazer diferente. É um tipo de dor que nunca pude imaginar."

Dói bastante ouvir uma história assim. De amor. De culpa.

O seu final foi triste. A senhora é idosa demais para se submeter a uma cirurgia daquele gênero. Poderia morrer. Nem a cirurgia plástica a pode ajudar.

Dá que pensar.

1 comentário:

ph disse...

Com uma frase de Pablo Picasso, conjuga-se facilmente as duas visões de mudança.
'Eu não evoluo, Sou'

Dá que pensar bastante, até. Ainda por cima, quando é, como nesse caso, irreversivel.

bem disse eu, quando disse para escreveres.. :)