segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

A minha noite de Natal.

Família, mesa de jantar cheia de comida, lareira acesa e boa disposição.
Mas este ano, fiz algo de diferente!
Meia Noite.
Ainda a jantar e na conversa, mal se deu conta da tão ansiosa meia noite.
Às doze badaladas, ouvi foguetes. Fui até ao terraço onde só se ouvia o barulho que vinha de dentro de minha casa e os foguetes, longínquos.
Senti uma estranha sensação de paz entrar em mim. Olhei para o céu e apeteceu-se sorrir, levemente.
O frio cortava-me a respiração, mas senti-me tão relaxada que nem me fez qualquer diferença.
Agarrei aquela calma toda para dentro de mim.
De repente, ouvi um som estranho. Olhei para a estrada e vi um carro atravessar a recta escura, todo acelerado.
Pensei.
Pensei onde iria aquele carro, a uma hora daquelas. Num momento daqueles.
Se iria ter com a família. Se iria trabalhar. Se iria de encontro a uma tragédia.
Se iria...
Fiquei minutos absorvida nesse pensamento.
Voltei a olhar para o céu e respirei fundo.
Entrei em casa onde ainda nem sequer tinham dado pela meia noite.
Sorri e fui buscar as prendas.



Dias mais tarde, vim a saber que passaste o Natal sozinho, numa cidade. Bem longe do calor da tua velha casa, da tua família.
Sei que era meia noite e estavas na varanda, a ver os vizinhos do prédio em frente a abrirem as prendas.
Sei que dizes não ligar ao Natal, mas ninguém fica indiferente, pelo menos na nossa cultura, no meio onde vives.
Sei também, que a razão de eu ter ido para o terraço, olhar as estrelas e sentir-me bem, não foi em vão.
Eu senti.
E embora não saiba em que pensavas naquele momento. Embora não acredite que tenhas sentido.
Eu senti.


Não estavamos sozinhos.